Cientistas acompanham explosão na superfície de estrela.
Uma vez que a explosão tenha terminado, o gás volta a se acumular e, dentro de cerca de 20 anos, uma nova erupção poderá ocorrer.
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LONDRES - Uma equipe de astrônomos da Grã-Bretanha e da Alemanha descobriu que uma explosão na superfície de uma estrela a 5.000 anos-luz da Terra causou uma onda de choque que se expandiu a mais de 1.700 km/s. A descoberta, descrita na edição desta quinta-feira da revista Nature, foi possível graças à união de vários radiotelescópios em conjuntos capazes de acompanhar as conseqüências da explosão com grande detalhamento.
Em fevereiro deste ano, astrônomos japoneses informaram que a estrela RS Ophiuchi havia crescido em brilho e se tornado claramente visível no céu noturno. Embora este tenha sido apenas o efeito mais recente de uma série que já dura cerca de um século, ele representou a primeira oportunidade de reunir poderosos telescópios num esforço para acompanhar e entender essas erupções.
O astrônomo Tim O´Brien, da Universidade de Manchester, requisitou obervações de uma rede de radiotelescópios espalhada entre o Havaí e o Caribe. "Nossas primeiras observações mostraram a onda de choque se expandindo e já com tamanho comparável à da órbita de Saturno ao redor do Sol", disse ele.
O cientista explica que "a onda foi causada por uma enorme explosão nuclear que tem lugar na superfície de uma estrela de um par, a cerca de 5.000 anos-luz da Terra, que giram uma bem perto da outra. Gás capturado de uma das estrelas, uma gigante vermelha, acumula-se na superfície de sua companheira, uma anã branca".
O pesquisador Mike Bode narra o que ocorre em seguida: "Finalmente, gás suficiente se acumula na anã branca para que reações termonucleares comecem. Em menos de um dia, a produção de energia cresce a 100.000 vezes a do Sol, e o gás é arremessado para o espaço". Esse gás colide com a atmosfera da gigante vermelha e gera ondas de choque que aceleram elétrons até quase a velocidade da luz. "Esses elétrons liberam ondas de rádio quando se deslocam pelo campo magnético, e essas ondas são captadas pelos radiotelescópios.
Uma vez que a explosão tenha terminado, o gás volta a se acumular na superfície da anã branca e, dentro de cerca de 20 anos, uma nova erupção poderá ocorrer. Uma questão que os cientistas esperam responder é se as explosões ejetam todo o gás acumulado ou se a anã branca está, lentamente, acumulando massa.