Para o cérebro, escapar de castigo é recompensa.
Pesquisadores descobriram que o cérebro reage da mesma forma quando evita uma punição ou recebe uma recompensa.
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WASHINGTON - Para incentivar seu filho a levar o lixo para fora, você pode oferecer um doce ou ameaçar um corte de mesada. Será que a criança reage à gratificação assim como faz ao evitar a punição? Psicólogos têm evidências, tiradas de experimentos comportamentais com algumas crianças, para acreditar que evitar a punição é, por si só, uma recompensa.
Em um novo estudo publicado online na revista PLoS Biology, Hackjin Kim, Shinsuke Shimojo e John Doherty investigaram a questão escaneando os cérebros de 16 crianças. Uma área do cérebro chamada de córtex medial orbitofrontal (OFC) já foi ligada, em estudos, a estímulos relacionados à gratificação, particularmente quando a recompensa envolve dinheiro. Os pesquisadores agora descobriram que o OFC também é ativado no aprendizado do ato de evitar punição, o que apóia a hipótese de que ambos os processos cognitivos compartilham mecanismos neurais.
Comparados aos processos neutros, a gratificação e o ato de evitar um castigo produziram atividade cerebral significativamente maior. Já resultados negativos e eventos neutros, sem chance de recompensa, resultaram em uma diminuição significativa na atividade. Kim argumenta que esses resultados fornecem evidências diretas de que evitar resultados negativos e receber uma recompensa provocam reação similar no OFC.
Evitar resultados negativos e receber uma recompensa representam a mesma coisa para o cérebro: atingir uma meta. A gratificação serve como um sinal externo que reforça o comportamento associado a um resultado positivo, explicou Kim, e a punição é equivalente a um sinal de recompensa intrínseco, que reforça ações ligadas ao ato de evitar resultados ruins. Com essas evidências ligando os circuitos do ato de evitar castigo ao de obter gratificação, os pesquisadores podem agora determinar quais populações de neurônios no OFC contribuem para "a reação de recompensa" do ato de escapar de uma punição, e talvez entender as raízes neurobiológicas do comportamento patológico de correr atrás do perigo.