Ligação entre felicidade e dinheiro é ilusão, diz pesquisa.

Pessoas com ganhos maiores não necessariamente passam mais tempo de maneira agradável.

WASHINGTON - Enquanto a maioria das pessoas acredita que ter mais dinheiro pode fazê-las mais felizes, pesquisadores da Universidade de Princeton descobriram que a ligação é bastante exagerada e, em grande parte, ilusória. As pessoas perguntadas sobre sua própria felicidade e a de outras com níveis variáveis de renda tenderam a exagerar o impacto do dinheiro no bem-estar, de acordo com um novo estudo. Apesar de o rendimento ser largamente visto como uma boa medida de bem-estar, os pesquisadores descobriram que seu papel é menos significativo que o previsto, e que as pessoas com ganhos maiores não necessariamente passam mais tempo de maneira agradável.

Dois professores de Princeton, o economista Alan B. Krueger e o psicólogo Daniel Kahneman, colaboraram com colegas de três outras universidades no estudo, que será publicado na edição desta sexta-feira da revista Science. As novas descobertas dão suporte aos seus esforços para desenvolver métodos alternativos de estimar o bem-estar dos indivíduos e da sociedade. As novas medidas são baseadas na avaliação das pessoas sobre suas experiências reais, ao invés de um julgamento de suas vidas como um todo.

"A crença de que um alto rendimento está associado ao bom humor é bastante difundida, mas em grande parte, ilusória", escreveram os pesquisadores.

"As pessoas com rendimento acima da média estão relativamente satisfeitas com suas vidas, mas são pouquíssimo mais felizes que os outros, tendem a ser mais tensas, e não passam mais tempo em atividades particularmente divertidas".

As pessoas que responderam à pesquisa esperavam que as mulheres que ganhavam menos de US$ 20 mil ao ano passassem 32% a mais de seu tempo de mau humor, em comparação com pessoas que ganhavam mais de US$ 100 mil. Na verdade, os pesquisados que ganhavam menos de US$ 20 mil por ano reportaram gastar apenas 12% a mais do tempo de mau humor que as pessoas que ganhavam mais de US$ 100 mil. Assim, o efeito do dinheiro no humor foi bem exagerado.

"Apesar da fraca relação entre o rendimento e a satisfação global com a vida ou a felicidade vivenciada, muitas pessoas estão altamente motivadas a aumentar seus ganhos", segundo o estudo. "Em alguns casos, essa ilusão pode levar a uma atribuição errada do tempo, com jornadas estendidas de trabalho e, até, ao sacrifício do tempo gasto com a socialização".