Arqueólogos apresentam nova tumba no Vale dos Reis.

A descoberta desta tumba em 2005 quebrou a crença de que nada mais haveria a escavar no Vale dos Reis.

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Sarcófago encontrado na tumba KV63

LUXOR, EGITO - Arqueólogos concluíram nesta quarta-feira a abertura da primeira tumba descoberta no Vale dos Reis do Egito em mais de 80 anos, abrindo o último dos sete sarcófagos encontrados no local, para revelar material de embalsamamento e jóias. "Isto é ainda melhor que achar uma múmia. É um tesouro", disse a curadora-chefe Nadia Lokma, radiante diante do sarcófago, cheio de restos frágeis que virariam poeira se tocados.

"Ele nos informará sobre as plantas e ervas religiosas usadas pelos antigos egípcios, o que eles vestiam, como embalsamavam os mortos", disse ela.

Escavada na rocha, a tumba é conhecida apenas pelo código KV63 - a 63ª encontrada no Vale - e foi descoberta acidentalmente no ano passado, por arqueólogos americanos que trabalhavam na tumba vizinha de Amenmeses, um faraó da 19ª dinastia. Acredita-se que KV63 tenha mais de 3.000 anos.

Cientistas cortaram um buraco na porta da tumba e obtiveram um primeiro vislumbre da câmara de 2,5 metros por 4,5 metros em fevereiro. Mas só nesta quarta-feira que pesquisadores e jornalistas puderam entrar no pequeno fosso quadrado.

Dezenas de cientistas e repórteres lotavam o espaço para assistir à abertura do último sarcófago. Em vez da múmia esperada, o esquife revelou materiais de embalsamamento, dezenas de colares de flores trançadas e vários artefatos religiosos.

Cobertos de resina, nenhum dos sete sarcófagos continha corpos. A maioria abrigava potes quebrados. Um pequeno esquife, feito para um bebê, acomodava almofadas que, aparentemente, estavam estofadas com penas. Agora, Lokma espera que inscrições ajudem a identificar para quem os caixões foram feitos, e talvez qual o destino dos corpos.

Cupins, e possivelmente saqueadores antigos, danificaram tanto os sarcófagos que os arqueólogos precisaram de meses de trabalho para escavá-los. Dezesseis dos jarros encontrados na tumba ainda não foram abertos.

A descoberta desta tumba em 2005 quebrou a crença de que nada mais haveria a escavar no Vale dos Reis, a região próxima à cidade de Luxor que era usada como cemitério para faraós, rainhas e nobres do período entre 1500 a.C. e 1000 a.C.. A última tumba descoberta lá havia sido a de Tutancâmon, em 1922.