Teia de aranha foi inventada há 136 milhões de anos.
A mais antiga teia de aranha com insetos capturados, de 110 milhões de anos, está presa em um pedaço de âmbar
AP-EFE
WASHINGTON - A teia clássica das aranhas foi criada uma única vez, no Período Cretáceo, há cerca de 136 milhões de anos, informam cientistas. Conhecida como teia orbicular, trata-se da trama em estilo circular, estruturada em torno de eixos radiais, tecida por dois tipos diferentes de aranha - o que levantava a possibilidade de cada agrupo ter achado o modelo por conta própria.
Mas um artigo na edição desta sexta-feira da revista Science diz que a comparação dos genes relacionados à criação de teias nos dois grupos mostra que a orbicular nasceu uma única vez. Pesquisadores liderados por Jessica Garb, da Universidade da Califórnia, compararam aranhas tecelãs dos gêneros Deinopoidea e Araneoidea. Ambos tecem teias orbiculares para capturar presas. Entre as deinopóides há aranhas arremessadoras, que lançam uma versão modificada da teia orbicular sobre a presa.
Segundo nota divulgada por Garb, a descoberta feita nos genes "não apóia uma origem dupla para a teia orbicular", mas indica que o design evoluiu apenas uma vez na natureza.
Os dois grupos provavelmente herdaram a teia orbicular de um ancestral comum, mas desenvolveram modos diferentes de usá-la como arma para capturar comida.
As teias das araneóides têm gotículas de adesivo que fazem a presa grudar nos fios, enquanto que as deinopóides envolvem os fios com um tipo de seda que "as aranhas penteiam, até que, sob o microscópio, fica quase parecendo velcro", de acordo com Garb.
Nem todas as aranhas fazem teias orbiculares. A viúva negra, por exemplo, tece uma teia que é um emaranhado de fios, sem padrão circular.
A mais antiga teia de aranha com insetos capturados, de 110 milhões de anos, está presa em um pedaço de âmbar encontrado em 2003 em uma mina de carvão na serra de San Just, na região espanhola de Aragão. O âmbar, exibido à imprensa nesta quinta-feira, encontra-se dividido em três fragmentos, que contêm a teia e as vítimas. O estudo do achado, que também será publicado na revista Science, foi realizado por cientistas espanhóis - Enrique Peñalver e Xavier Delclós - e por um especialista do Museu Americano de história Natural, David Grimaldi. Delclós explicou que a teia deveria ter, originalmente, de dois a três centímetros, mas que a parte preservada tem apenas de cinco a seis milímetros. Segundo deduziram os cientistas, a teia original era pegajosa, vertical e orbicular - isto é, organizada ao redor de eixos radiais. O biólogo Peñalver explicou que os insetos capturados na teia e preservados em âmbar são um ácaro, uma vespa, um escaravelho e uma mosca de espécie desconhecida. Os cientistas explicaram que a datação do achado coincide com uma enorme diversificação das plantas no período Cretáceo Inferior, quando grandes massas de vegetação cerrada foram substituídas por pradarias com flores, em meio a uma especialização dos insetos. Os insetos encontrados no âmbar não são mais que carcaças - o conteúdo de suas carapaças já havia sido sugado pela aranha. |