Noruega constrói depósito de sementes global.

 
Svalbard
O banco global de sementes será construído em uma montanha gelada
A Noruega iniciou a construção do chamado "cofre do fim dos dias", no Pólo Norte, que vai guardar todas as variedades conhecidas de lavouras do mundo todo.

Enterrado em uma montanha nas ilhas de Svalbard, cientistas esperam que o projeto conserve a diversidade de lavouras e sementes no caso de uma catástrofe global.

Mais de 100 países apoiaram o projeto, que vai estocar sementes, embrulhadas em papel alumínio, a temperaturas abaixo de zero.

Os primeiros-ministros de cinco países ajudaram a colocar a pedra fundamental do projeto nesta segunda-feira.

Premiês da Noruega, Suécia, Dinamarca, Finlândia e Islândia participaram da cerimônia perto da cidade de Lingyearbyen, nas remotas ilhas de Svalbard, a cerca de 1000 quilômetros do Pólo Norte.

Instalação segura

O primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, deu entrevista à agência de notícias norueguesa NTB.

"O cofre tem importância internacional. Será o único deste tipo, porque todos os outros bancos genéticos têm uma natureza comercial", afirmou.

Cercado de portas a vácuo e detectores de movimento, além dos ursos polares que freqüentam a área, a instalação de concreto será, segundo os patrocinadores do projeto, a construção mais segura deste tipo no mundo.

O ministro da Agricultura da Noruega, Terje Riis-Johansen, disse que o cofre será a "Arca de Noé" em Svalbard.

O objetivo do cofre é garantir a diversidade de sementes no caso de uma epidemia de doenças em lavouras, guerra nuclear, desastres naturais ou mudanças climáticas. E também vai oferecer ao mundo uma chance de recomeçar o cultivo de lavouras de alimentos que poderiam ser extintas.

Ursos polares vivem na região
Ursos polares vivem na região
Em temperaturas de -18º C as sementes poderão ser conservadas por centenas e até milhares de anos. Mesmo se todos os sistemas de refrigeração falharem a temperatura na montanha congelada nunca vai subir além do nível de congelamento, explicou Riis-Johansen.

Três milhões

O Fundo Global para Diversidade de Sementes, fundado em 2004, vai ajudar a gerenciar o projeto, que deve ser aberto e começar a receber sementes do mundo todo a partir de setembro de 2007. O "banco de sementes" deve receber cerca de três milhões de sementes.

"Esta instalação vai fornecer os meios práticos para restabelecer lavouras que tenham sido destruídas por grandes desastres", disse Cary Fowler, secretário-executivo do Fundo Global para Diversidade de Sementes, em uma declaração.

Fowler que liderou um estudo de viabilidade do projeto, disse que a diversidade de lavouras também estava ameaçada por "acidentes, administração incompetente e cortes orçamentários".

Cerca de 1,4 mil bancos de sementes no mundo todo, a maioria nacional, mantém amostras de sementes de vários países. Mas estes bancos podem ser afetados por "fechamento, desastres naturais, guerra ou simplesmente a falta de verbas", disse Riis-Johansen.

A Noruega será a proprietária da instalação, com os outros países sendo proprietários do material estocado no depósito, como se fosse um cofre de banco. O Fundo Global para Diversidade de Sementes vai ajudar países em desenvolvimento a pagarem pelo custo do preparo e envio de sementes.

Publicação 19/06/2006