Expedição ao Ártico investiga "ambiente alienígena".

Nascentes sulfurosas na Ilha Ellesmere sugerem como a vida poderia evoluir em outros planetas.

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Mancha amarela no gelo, um dos sinais da presença de enxofre

CALGARY, CANADÁ - Uma expedição científica a um remoto campo gelado no ártico canadense poderá ajudar pesquisadores a desvendar os segredos da origem da vida, e oferecer idéias para a exploração do sistema solar. Uma equipe do Instituto Ártico da Universidade de Calgary, no Canadá, planeja passar duas semanas estudando uma nascente que libera enxofre na superfície do gelo, não muito longe do Pólo Norte.

A fonte sulfurosa foi descoberta por Benoit Beauchamp, que tomará parte no estudo extensivo previsto para este verão boreal. Testes iniciais revelaram que a fonte é lar de uma forma única de bactéria, que evoluiu para viver num ambiente gelado e rico em enxofre.

"Queremos entender o ´encanamento´ dessa fonte, e da onde o enxofre vem", disse Beauchamp. "É uma característica muito rara na superfície terrestre, e um ecossistema extremo, que pode oferecer um bom modelo sobre como a vida surge em ambientes inóspitos".

A nascente atraiu a atenção da Agência Espacial Canadense e da Nasa, que ajudam a financiar a expedição, porque o local provavelmente representa o melhor exemplo, na face da Terra, de condições semelhantes às que poderiam existir em Europa, uma das luas de Júpiter.

Coberta de gelo, Europa é tida como um dos melhores candidatos para conter evidências de vida extraterrestre no sistema solar.

Beauchamp descobriu a nascente nos anos 90, quando notou uma mancha amarela na neve, ao sobrevoar a área de helicóptero. Mais tarde, visitou o local e notou o forte cheiro de ovos podres, um indicador da presença de enxofre.