Pesquisa nos EUA faz alerta sobre medicação de gestantes.

Trabalho publicado no New England Journal of Medicine liga inibidores de ACE a problemas no coração e no cérebro do bebê.

AP

LOS ANGELES, EUA - Algumas drogas para controlar a pressão sangüínea e que, acreditava-se, eram seguras para uso no início da gravidez, agora aprecem elevar substancialmente o risco de graves defeitos de nascença, dizem médicos. Bebês cujas mães tomaram inibidores de ACE no primeiro trimestre têm mais que o dobro da chance de nascer com problemas graves no cérebro e no coração, em comparação àqueles que não haviam sido expostos a remédios para hipertensão. A descoberta é de um estudo amplo realizado no Estado americano do Tennessee. Outros tipos de remédio para pressão não elevam o risco para os bebês.

A pesquisa levanta questões perturbadoras sobre a insegurança de muitas drogas receitadas rotineiramente para gestantes. Cerca de 8% das gestantes desenvolvem pressão alta.

Mesmo nos Estados Unidos, não se sabe o número exato de gestantes que tomam remédios para pressão, incluindo inibidores de ACE. No entanto, uma pesquisa nacional americana descobriu que o número de receitas de inibidores dado a mulheres em idade fértil subiu de 1,4 milhão, em 1995, para 2,7 milhões, em 2002.

Segundo o principal pesquisador do estudo, o médico William Cooper, o uso dos inibidores de ACE no início da gravidez "não pode ser considerado e deve ser evitado". O trabalho será publicado na edição de quinta feita do New England Journal of Medicine. A FDA, agência do governo dos EUA responsável por fiscalizar alimentos e remédios, disse que mais estudos serão necessários antes que se ordene uma mudança no rótulo desse tipo de remédio, que já é contra-indicado nos estágios mais avançados da gravidez.

Médicos dizem que as gestantes que já estão se tratando com esse tipo de remédio não devem suspender a medicação abruptamente, já que a pressão alta pode ser prejudicial para mãe e feto, mas devem tentar trocar de substância.

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