Antropólogo explica superstição contra o 6/6/06.

BUFFALO, EUA - O número 666 - o "número da besta", segundo o Livro do Apocalipse - evoca imagens diabólicas para muitas pessoas, e previsões de eventos desagradáveis ou malignos abundam quando datas envolvendo o número se aproximam, incluindo a próxima terça-feira, 6 de junho de 2006, ou 6/6/06.

O medo do 666, que muitos acreditam ser uma marca do demônio, baseia-se num "erro generalizado de interpretação" de um capítulo do Apocalipse (apropriadamente, trata-se do capítulo 13). A opinião é do antropólogo Phillips Stevens Jr., um especialista em superstições, seitas e identidades culturais. Ele explica que, "como a maioria das superstições, a aversão aos números 666 e 13 são exemplos de pensamento mágico".

"Pessoas em toda parte acreditam que quando uma coisa se relaciona a outra, seja por contato ou semelhança, estabelece-se uma relação de causa e efeito que transcende até o tempo e o espaço", diz Stevens. "Imagina-se que coisas associadas a coisas boas atraem o bem; coisas associadas a coisas ruins carregam negatividade". Além de ter base num efeito imaginário, muitas superstições, como a que cerca o 666, crescem em cima de informação incorreta: a "besta" de que fala o capítulo 13 do Apocalipse não é Satanás, mas diversas outras entidades.

"O Apocalipse é um livro complexo... Estudiosos da Bíblia já mostraram que há diversas ´bestas´, no capítulo 13 e em outras partes, e todas se referem a Roma, imperadores romanos e ao culto do imperador", diz Stevens. "A marca da besta, ou 666, representa os que seguem o imperador e, portanto, se opõem ao cristianismo, e é muito provavelmente o equivalente numérico das letras hebraicas para o nome do imperador Nero".

Gerações vêm evitando o número, no entanto. Nos EUA, autoridades mudaram a denominação de várias auto-estradas que tiham o número 666, e a cidade de Bel Air mudou o número, que era 666, da casa para onde o ex-presidente Roland Reagan se mudou após deixar o poder.