Cientistas trabalham em manto de invisibilidade.

Como um rio passando por uma pedra, a luz e outras formas de radiação fluiriam ao redor do manto.

AP

WASHINGTON - Imagine um manto de invisibilidade, como que Harry Potter herdou do pai. Pesquisadores na Inglaterra e nos EUA acreditam saber como fazê-lo. Estão preparando os planos e pedindo ajuda para desenvolver os materiais exóticos que serão necessários.A chave é uma série de materiais artificiais, diferentes de tudo que há na natureza. Esses materiais atuariam desviando a luz e outras formas de radiação do objeto, tornando-o invisível.

"É ficção científica? Bem, é uma teoria, e isso já não é ficção científica. É teoricamente possível fazer essas coisas. O que atrapalha são nossas capacidades de engenharia", disse John Pendry, físico do Imperial College, Londres. Detalhes do estudo, do qual Pendry é um dos autores, estão na revista Science.

Cientistas que não participaram do trabalho dizem que o artigo fornece uma base sólida para se considerar a invisibilidade uma meta plausível.

"Trata-se de ciência muito interessante e de uma idéia muito interessante, apoiada numa grande base física e matemática", afirmou Nader Engheta, professor de engenharia elétrica e de sistemas na Universidade de Pensilvânia. Engheta já desenvolveu pesquisas próprias sobre invisibilidade.

Assim como Engheta, Pendry e seus colegas propõem o uso dos chamados metamateriais, que podem ser ajustados para desviar radiação eletromagnética - como luz e ondas de rádio - em qualquer direção. Um manto desses materiais, com uma estrutura planejada desde a escala submicroscópica, não refletiria luz, nem projetaria sombra.

Em vez disso, como um rio passando por uma pedra, a luz e outras formas de radiação fluiriam ao redor do manto. Isso daria ao observador a impressão de ver o que está atrás do manto, como se não houvesse um obstáculo no caminho. Esse manto não existe ainda, mas versões preliminares, capazes de desviar microondas e outras formas de radiação, poderiam estar disponíveis em 18 meses, de acordo com Pendry.