Cientistas propõem método para detectar a 5ª dimensão.

A teoria do mundo de branas prevê que pequenos "buracos negros" criados nos primórdios do Universo sobrevivem até o presente.

Nasa
O telescópio espacial
que poderá confirmar a teoria

DURHAM, EUA - Pesquisadores das universidades de Duke e Rutgers desenvolveram um esquema matemático que, segundo afirmam, permitirá aos astrônomos testar uma teoria da gravidade em cinco dimensões que compete com a Relatividade Geral proposta por Albert Einstein.

Charles R. Keeton, da Rutgers, e Arlie O. Petters, de Duke, baseiam seu trabalho numa teoria recente chamada modelo de gravidade do mundo de branas de Randall-Sundrum tipo 2. A teoria, que deve o nome aos cientistas Lisa Randall e Raman Sundrum, afirma que o universo visível é uma membrana (daí, "mundo de branas"), colocada sobre uma realidade muito maior, como uma folha de papel boiando na água. Esse "Universo do mundo de branas" deve ter cinco dimensões - quatro para o espaço, mais o tempo - em vez das quatro que observamos - três no espaço (direita-esquerda, frente-atrás, acima-abaixo) e o tempo - e que compõem a Relatividade Geral.

O esquema de Keeton e Petters prevê que, se a quinta dimensão for real, certos efeitos deverão ser observados por cientistas. Essas observações devem ser viabilizadas por satélites que serão lançados nos próximos anos. A proposta dos dois aparece na mais recente edição do periódico Physical Review D.

A teoria do mundo de branas prevê que pequenos "buracos negros" criados nos primórdios do Universo sobrevivem até o presente. Esses buracos, coma massa de um pequeno asteróide, seriam parte da chamada matéria escura do Universo - que não interage com a luz e só se manifesta por meio da gravidade. Já a Relatividade Geral permite prever que esses buracos negros primordiais já teriam evaporado.

Segundo Keaton, se os buracos negros previstos pela teoria das branas existem, alguns deles poderiam estar "dentro da órbita de Plutão". De acordo com Petters, "se os buracos negros de branas são pelo menos 1% da matéria escura da nossa parte da galáxia, deve haver milhares deles no sistema solar".

Os dois pesquisadores acreditam que, se esses buracos negros estiverem assim tão perto da Terra, deveria ser possível detectar o efeito deles sobre raios gama que rotineiramente chegam de partes mais distantes do espaço. Segundo Petters, os dois descobriram qual a "assinatura" que os buracos negros deixariam na freqüência dos raios, ao interferir com eles.

Petter e Keeton acreditam que deverá ser possível medir a interferência nos raios gama com Telescópio Espacial de Grande Área de Raios Gama, que deverá ser lançado ao espaço em agosto de 2007.

Publicação 25/05/2006