Astrofísicos descobrem jatos em estrelas de nêutron.

Jatos estreitos que disparam matéria a velocidades próximas à da luz não são mais uma propriedade exclusiva dos buracos negros.

Divulgação
Desenho mostra a formação do jato em uma estrela de nêutrons

SAN DIEGO, EUA - Jatos estreitos que disparam matéria a velocidades próximas à da luz não são mais uma propriedade exclusiva dos buracos negros: astrofísicos, usando o Telescópio Espacial Spitzer da Nasa, avistaram um desses jatos ao redor de uma estrela morta superdensa, confirmando pela primeira vez que estrelas de nêutrons também podem produzir o fenômeno. Um artigo sobre a descoberta aprece na edição desta semana da Astrophysical Journal Letters.

"Por anos, cientistas suspeitaram que algo de exclusivo dos buracos negros deveria alimentar os jatos compactos contínuos, porque só os víamos partindo de sistemas de buracos negros", disse Simone Migliari, astrofísica da Universidade da Califórnia em San Diego e principal autora do artigo. "Agora que o Spitzer revelou um jato contínuo vindo de uma estrela de nêutrons num sistema binário de raios-X, sabemos que os jatos devem ser alimentados por algo comum a ambos os sistemas".

Um sistema binário de estrela de nêutrons e raios-X ocorre quando uma estrela comum orbita uma estrela morta tão densa que todos os seus átomos foram esmagados e se reduziram a nêutrons - daí o nome "estrela de nêutrons". A estrela normal gira em torno da estrela de nêutrons como a Terra em torno do Sol.

Migliari e colegas usaram o telescópio da Nasa para estudar um jato de matéria em um desses sistemas, chamado 4U 0614+091, no qual a estrela de nêutrons tem mais de 14 vezes a massa de seu "satélite".

Conforme a estrela menor gira em torno da companheira, a gravidade da estrela de nêutrons captura o material que deixa a atmosfera da estrela pequena e acumula essa matéria em um disco, conhecido como disco de acresção. "Nossos dados mostram que a presença do disco e de um campo gravitacional intenso pode ser tudo o que se precisa para alimentar um jato", diz a cientista.