Satélite ajuda a entender origem dos elementos no Universo.
Os astrônomos descobriram que os modelos teóricos prevêem muito menos cálcio do que o observado
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UTRECHT, HOLANDA - Observações de dois aglomerados de galáxias que brilham com raios-X, realizadas pelo satélite europeu XMM-Newton, permitiram a um grupo de astrônomos internacionais medir a composição química desses aglomerados com precisão sem precedentes. Conhecer a composição dessas estruturas é crucial para compreender a origem dos elementos químicos no Universo.
Aglomerados, ou conglomerados, de galáxias são os maiores objetos do Universo. Por meio de telescópios ópticos é possível ver, neles, centenas ou milhares de galáxias ocupando um volume com poucos milhões de anos-luz de diâmetro. No entanto, esses telescópios só revelam a ponta do iceberg: a maioria dos átomos nos aglomerados está dispersa sob a forma de gás quente, que emite raios-X. A massa de gás é cinco vezes maior que a das galáxias propriamente ditas.
A maioria dos elementos químicos produzidos nas estrelas dos aglomerados - expelidos para o espaço por explosões e ventos estelares - torna-se parte do gás emissor de raios-X.
Astrônomos dividem as supernovas - estrelas em processo de explosão - em duas categorias básicas: "colapso de núcleo" e "tipo Ia". As supernovas de colapso de núcleo surgem quando uma estrela desmorona sobre si mesma, dando origem a uma estrela de nêutrons ou um buraco negro. Essas supernovas geram muito oxigênio, neônio e magnésio. O tipo Ia explode quando uma anã branca, consumindo matéria de uma estrela companheira, torna-se tão pesada que se desintegra. Esse tipo gera muito ferro e níquel.
O XMM-Newton fez observações dos aglomerados Sersic 159-03 e 2A 0335+096. Com esses dados, os astrônomos determinaram os níveis de abundância de nove elementos nos gases. Esses elementos são oxigênio, ferro, neônio, magnésio, silício, argônio, cálcio, níquel e - pela primeira vez num aglomerado de galáxias - cromo.
Os astrônomos descobriram que os modelos teóricos prevêem muito menos cálcio do que o observado nos aglomerados, e que a abundância de níquel não pode ser gerada a partir da teoria. As discrepâncias sugerem que os detalhes do enriquecimento de elementos nas supernovas ainda não são bem compreendidos.