Golfinhos se chamam pelo nome, diz estudo.
Pesquisadores descobriram que os animais se identificam por um assovio individual, que desenvolvem quando filhotes.
WASHINGTON - Quando os golfinhos falam com os amigos ou com a família, eles se chamam pelo nome, de acordo com um novo estudo. Os mamíferos se identificam por assovios individuais desenvolvidos no começo da vida mas, diferentemente, de outros animais, os golfinhos não se baseiam no reconhecimento da voz para saber quem está falando com quem. Cada assovio contém padrões de freqüência específicos, únicos em cada animal, que anunciam a identidade de um golfinho para outros animais, que podem estar a centenas de metros de distância.
Quando filhotes, os golfinhos escutam os assovios de outros e então criam seu próprio som. No ambiente escuro embaixo da água, os golfinhos usam esses assovios para localizar outros membros de seu grupo, que podem ter saído de vista. Estudos anteriores descobriram que quando os golfinhos escutam um assovio individual familiar, eles se viram em direção ao som. Mas, se isso sugeriu que os golfinhos usavam os assovios para se identificar, não estava claro o papel que o reconhecimento da voz tinha no processo.
No novo estudo, publicado online nesta semana na Proceedings of the National Academy of Sciences, os cientistas sintetizaram os assovios individuais dos golfinhos, mantendo a mensagem, mas mascarando a voz individual. Eles tocaram dois sons de 30 segundos em um alto-falante embaixo da água para um grupo de 14 golfinhos selvagens, capturados na costa da Flórida. Um dos assovios era de um membro da família e o outro, de um animal desconhecido. Quando os cientistas monitoraram as reações dos golfinhos, eles descobriram que nove dos 14 animais se viraram na direção do alto-falante quando ouviram o assovio de um membro da família. "Isso nos diz que a modulação da freqüência é quem carrega a informação de identidade", disse Vincent Janik, biólogo marinho na Universidade de St. Andrews, no Reino Unido, e autor do estudo. "Isso não tem nada a ver com a voz".
Estudar isso em animais selvagens ao invés de animais de cativeiro sugere que os comportamentos são naturais e não ensinados por humanos, disse Marc Lammers, que estuda a bioacústica marinha na Universidade do Havaí. Porém, a falta de um ambiente controlado deixa algumas questões sem resposta. Por exemplo, é possível que os golfinhos tenham virado a cabeça porque ouviram um som estranho, e não porque era um assovio que eles reconheciam.