Sonda européia entra na órbita de Vênus.
Cientistas da Agência Espacial Européia afirmam que a nave Venus Express completou com sucesso nesta terça-feira as manobras de aproximação da órbita de Vênus.
A nave deve agora orbitar o vizinho mais próximo da Terra por cerca de 500 dias terrestres para aprender as lições que o planeta pode oferecer sobre as conseqüências do aquecimento global e do efeito estufa. Vênus tem tamanho e densidade quase iguais aos da Terra, mas um aquecimento global descontrolado elevou as temperaturas a mais de 460 graus centígrados e criou um cobertor de nuvens de ácido sulfúrico. Às 4h17 desta terça-feira, os engenheiros que controlam o vôo da sonda da cidade de Darmstadt, na Alemanha, dispararam o foguete principal da nave para reduzir a velocidade dela e possibilitar que ela seja atraída pelo campo gravitacional de Vênus. A manobra teve como objetivo reduzir a velocidade da nave em 15%. Longa jornada Às 4h45, ainda com o foguete acionado, ela desapareceu atrás de Vênus, interrompendo a comunicação com a Terra. Depois de cerca de dez minutos, os controladores voltaram a ouvir o sinal da nave, um indicador de que ela entrou na órbita venusiana. A entrada na órbita encerra com sucesso uma jornada de cinco meses organizada pela Agência Espacial Européia. Ela começou, como a viagem do cosmonauta brasileiro, Marcos Pontes, com o lançamento de um foguete russo Soyuz do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, em 5 de novembro do ano passado. Mesmo sendo mais próximo do Sol do que a Terra, o planeta absorve menos radiação solar, por causa da grossa camada de nuvens sulfúricas. Isso poderia levar à conclusão de que as condições nos dois planetas são parecidas. Estudo No entanto, a densa atmosfera de Vênus funciona como um cobertor, prendendo a radiação solar que entra e criando temperaturas capazes de derreter chumbo. Se tudo correr de acordo com os planos dos cientistas europeus, a Venus Express vai entrar em uma órbita elíptica que a aproximará até 400 quilômetros dos pólos. Durante a missão da Venus Express, os sete instrumentos a bordo da nave vão tentar descobrir por que o planeta tem uma atmosfera quase 90 vezes mais densa do que a da Terra e é envolto em nuvens de ácido sulfúrico. Embora seja muito improvável que a Terra um dia atinja temperaturas parecidas, o acúmulo de gases na atmosfera pode estar criando um efeito estufa semelhante ao que aparentemente se vê em Vênus. Os resultados da missão poderiam ajudar a construir modelos mais eficientes de previsão sobre como o aquecimento global vai afetar a Terra nas próximas décadas. |