Satélite flagra surgimento de supernova

Uma estrela está morrendo em meio a uma explosão espetacular a cerca de 440 milhões de anos-luz da Terra, e os astrônomos estão observando o fenômeno em tempo real desde o último sábado, de acordo com a Nasa.

Tudo indica que o fenômeno, detectado pelo satélite Swift, da agência espacial americana, é uma supernova, nome que os astrônomos dão ao pico de luminosidade que precede a morte de uma estrela muito maciça. Localizado na constelação de Áries, o astro já está mais brilhante que toda a galáxia que ocupa.

A conflagração foi detectada pelo Swift graças a uma gigantesca rajada de raios gama, fenômeno normalmente associado ao fim desse tipo de estrela e à sua transformação num buraco negro. Mas a rajada em Áries foi anômala, segundo os cientistas: ela durou 2.000 segundos, ou cerca de meia hora --cem vezes mais tempo do que uma rajada de raios gama "tradicional", além de ser muito mais fraca.

"É tão cedo ainda que nós não temos uma resposta clara para explicar isso", disse John Nousek, astrônomo da Universidade do Estado da Pensilvânia. "O que está claro é que se trata de um evento associado a uma supernova."

Frank Marshall, pesquisador do Centro de Vôo Espacial Goddard, da Nasa, classificou o evento celeste de "oportunidade única". "Com alguma sorte, vamos aprender um bocado sobre supernovas." O fenômeno deve atingir brilho máximo na semana que vem e, por acontecer relativamente perto da Terra em termos astronômicos, já está mobilizando telescópios profissionais e amadores. Alguns observadores nem estão dormindo para continuar a análise, diz Edo Berger, do Observatório Carnegie (EUA).

Apesar da violência do fenômeno, ninguém vai precisar de óculos de sol para observá-lo. No momento máximo de luminosidade, a estrela deverá ficar apenas duas vezes mais brilhante do que está agora, o que permitirá sua observação por telescópios amadores de grande porte, mas não a olho nu. Mesmo assim, o mero fato de que a luz visível da explosão poderá ser enxergada com auxílio de telescópios na Terra já é comemorado pelos pesquisadores.

Usando grandes telescópios "sintonizados" às diferentes partes do espectro luminoso, os cientistas esperam descobrir qual é a química de uma supernova, diz Frank Marshall. Por enquanto, a rajada parece anunciar uma supernova do tipo 1c. Nela, a estrela consome todo o seu combustível nuclear, deixando para trás um núcleo de ferro, que então implode. O padrão de emissão de raios gama também pode indicar que o eixo da supernova está apontado para longe da Terra, avalia o pesquisador da Nasa.

Robert Kirshner, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, disse que o evento é "divertido para caramba". "Há muito a aprender sobre superexplosões."