artigos • 22Fev '2006
Terra não tem como contaminar Vênus, dizem cientistas.
Relatório encomendado pela Nasa pedia sugestões para proteger formas de vida nativas
Carlos Orsi
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Nasa
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A superfície de Vênus, segundo concepção de artista da Nasa | | |
São Paulo - É extremamente improvável que missões enviadas do planeta Terra venham a contaminar Vênus com bactérias ou outros microorganismos, ou que amostras de Vênus, trazidas para a Terra, venham a representar um perigo para a ecologia de nosso planeta. A conclusão consta de relatório elaborado pela Academia Nacional de Ciências dos EUA (NAS, na sigla em inglês) a pedido do Escritório de Proteção Planetária da Nasa.
"Proteção Planetária" é uma expressão pouco conhecida, mas que se refere exatamente às medidas necessárias para evitar a contaminação biológica de outros mundos pela Terra, ou da Terra por outros mundos (a chamada "contaminação reversa"). O relatório da NAS aponta que o ambiente em Vênus - de temperaturas altíssimas, praticamente nenhuma umidade, com céus cobertos por nuvens de ácido - é extremamente hostil para a vida terrestre: "Altas concentrações de ácido sulfúrico são esterilizantes para todos os organismos terrestres... e o ambiente em Vênus é extremamente oxidante e desidratante".
O relatório também especula que, se houver vida em Vênus, tais criaturas não teriam como prosperar na Terra: "Qualquer forma de vida adaptada às nuvens venusianas não sobreviveria nas condições terrestres".
A antiga União Soviética enviou diversas missões a Vênus - a sonda Venera 7, de 1970, foi a primeira nave da Terra a pousar no solo de outro mundo, além da Lua - e atualmente a Agência Espacial Européia aguarda a chegada da sonda Venus Express ao planeta. A Venus Express deverá entrar na órbita de Vênus em 16 de abril.