Tire suas dúvidas sobre a gripe aviária.

Equipes de saúde perseguem aves para o abate no leste da Turquia
Estratégia de combate tem sido sacrifício em massa de aves
A Turquia confirmou os primeiros casos de morte devido à gripe aviária fora do sudeste da Ásia, onde o vírus foi detectado pela primeira vez.

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), nos últimos três anos, o número de pessoas confirmadas com o vírus H5N1, que provoca a forma letal da doença para seres humanos, aumentou de apenas três para mais de 140.

Quase metade dos casos se revelaram fatais.

Leia as perguntas e respostas abaixo para saber mais sobre a gripe aviária:

O que é gripe aviária?

Como humanos e outras espécies, aves também são suscetíveis à gripe.

Existem 15 tipos de gripe aviária ou do frango. As variedades mais contagiosas, que são geralmente fatais em aves, são a H5 e H7.

O tipo que está causando preocupação é a variedade H5N1, que pode também ser fatal para humanos.

Aves selvagens migratórias, principalmente patos selvagens, são os portadores naturais dos vírus, mas costumam não desenvolver a infecção.

O risco é que estas aves transmitam o vírus para aves domésticas, que são bem mais suscetíveis ao vírus.

Como os humanos são infectados com a gripe aviária?

Inicialmente, pensava-se que a gripe aviária infectava apenas aves, até que surgiram os primeiros casos em humanos, em Hong Kong, em 1997.

Humanos pegam a doença por meio de contato com aves vivas e infectadas.

As aves excretam o vírus por meio de suas fezes, que secam e se transformam em pó, sendo então inaladas, o que causa a contaminação.

Os sintomas são similares a outros tipos de gripe: febre, mal-estar, dor de garganta e tosse. Os infectados também podem desenvolver conjuntivite.

Os pesquisadores estão preocupados pois cientistas estudando um caso no Vietnã descobriram que o vírus H5N1 pode afetar todas as partes do corpo, não apenas o pulmão.

Isto pode significar que muitas doenças, e até mortes, que se pensavam que tinham sido causadas por outras micróbios, podem ter sido causadas pelo vírus da gripe aviária.

É possível barrar a entrada da gripe aviária em um país?

Aves migratórias são vetores da gripe aviária. Por isso, não há como evitar que a doença se espalhe.

Mas isto não quer dizer que é impossível evitar que a doença seja transmitida para mais aves domésticas. Especialistas afirmam que controles adequados em granjas para evitar que aves silvestres entrem nelas podem frear o alastramento da doença.

E os especialistas acrescentam que o monitoramento dos padrões de imigração de aves selvagens deve ajudar a fornecer alertas antecipados a respeito da chegada de aves infectadas.

Quantas pessoas já foram afetadas?

Em 9 de janeiro de 2006, a Organização Mundial de Saúde confirmou 146 casos de pessoas infectadas pelo vírus H5N1 na Indonésia, Vietnã, Tailândia, Camboja, China e Turquia, levando a 76 mortes, nos últimos três anos.

A Turquia relatou 14 casos da doença desde o começo do ano. Por que este número surgiu nesta região repentinamente?

A Organização Mundial de Saúde (OMS) ainda precisa confirmar todos estes casos, mas, mesmo se houver confirmação, pode haver também uma explicação simples.

Por exemplo, o aumento da cobertura da imprensa significa que as pessoas estão mais conscientes a respeito da doença e querem fazer exames.

Mas também há a possibilidade de que a infecção entre aves domésticas não foi identificada de forma adequada na Turquia.

Mas a explicação mais preocupante é que o vírus H5N1 sofreu uma mutação para uma forma que pode passar mais facilmente entre aves e humanos.

Se este for o caso, então também aumentaram as chances do vírus sofrer uma mutação para uma forma que pode passar mais facilmente entre humanos.

Especialistas acreditam que o vírus pode trocar genes com o vírus da gripe humana se uma pessoa for infectada com os dois ao mesmo tempo.

Quanto maior o número desta dupla infecção, maior a chance de um novo vírus ser criado e transmitido de pessoa para pessoa, segundo os especialistas.

O temor também aumentou quando pesquisas mostraram que o vírus que causou a epidemia de 1918, a de gripe espanhola, que matou 50 milhões no mundo todo, era um vírus de gripe aviária.

A doença ainda não pode ser transmitida de humano para humano?

Na maior parte dos casos, humanos contraíram a gripe aviária devido a contato com aves doentes.

Podem existir exemplos de transmissão de uma pessoa para outra, mas até o momento não é a forma de gripe que pode dar início a uma epidemia.

Um caso na Tailândia indicou a provável transmissão do vírus de uma garoto que tinha a doença para sua mãe, que também morreu.

A tia da menina, que também foi infectada, sobreviveu ao vírus.

Em 2004 duas irmãs no Vietnã depois de, possivelmente, terem contraído a gripe aviária de um irmão que havia morrido de uma doença respiratória não identificada.

Um caso parecido em Hong Kong, em 1997, um médico possivelmente contraiu a doença de um paciente que tinha o vírus H5N1, mas nunca houve uma prova conclusiva da infecção.

Existe tratamento?

Até agora o vírus tem sido combatido com o sacrifício em massa de aves que podem servir de hospedeiras para ele.

Para que fosse desenvolvida uma vacina, o surto teria de se materializar e poderia levar meses até que os cientistas conseguissem criar uma medicação profilática.

Há, no entanto, drogas antivirais, como o Tamiflu, que contêm os sintomas e, como conseqüência, diminuem as chances de a doença se espalhar. Muitos países já estão estocando estes medicamentos.

Esses remédios agem bloqueando a ação de uma proteína chamada neuraminidase, que o vírus usa para infectar células humanas.

Eles podem ser tomados quando uma pessoa começa a sentir os sintomas ou logo depois do contato com aves contaminadas.

Quais seriam as conseqüências de uma epidemia em massa?

Uma vez que o vírus consiga a habilidade de ser transmitido facilmente entre humanos, os resultados podem ser catastróficos.

No mundo todo, especialistas prevêem que o número de mortes pode ficar entre dois e 50 milhões.

Mas a taxa de mortalidade, que atualmente está em 50% dos casos confirmados da doença, pode cair conforme o vírus sofre mutações.

BBC Brasil - 09/01/06