Sonda Huygens revela mundo gélido de Titã.
Em nada menos que sete diferentes artigos na revista científica "Nature" de hoje, cientistas europeus apresentam as primeiras análises da epopéia científica da sonda Huygens em seu pouso em Titã, a maior das luas de Saturno, realizado em 14 de janeiro.É a primeira leva de resultados da espaçonave construída pela ESA (Agência Espacial Européia) que passou à história como a primeira a pousar numa lua que não fosse a da Terra --a descida mais distante já feita à superfície de um objeto celeste.
Com seus 5.150 km de diâmetro, Titã é um mundo congelado: na superfície, a Huygens mediu uma temperatura de --179ºC, confirmando estimativas anteriores.
Durante as duas horas e 28 minutos transcorridas desde a entrada na atmosfera da lua, a Huygens coletou informações a respeito dos ventos -que predominam no sentido da rotação do planeta. Sabe-se agora que as regiões mais altas da atmosfera passam por um fenômeno chamado "super-rotação", em que o ar gira muito mais depressa do que o astro em si (isso também acontece na alta atmosfera de Vênus).
Na superfície, em compensação, a circulação do ar (composto principalmente de nitrogênio e metano), é bem mais suave, e a velocidade dos ventos não passa de um metro por segundo.
Os cientistas também identificaram que o metano presente na atmosfera --que às vezes se apresenta como líquido na superfície e precipita na forma de chuva-- precisa ser constantemente reabastecido. Supõe-se que existam estoques da substância no subsolo de Titã, de onde vez por outra escapam para o ar. (Uma possível explicação para a emissão de metano seria o metabolismo de seres vivos, mas os cientistas indicam que não viram evidência disso nos dados da Huygens.)