Dignidade humana não está ligada ao DNA, diz o papa.

Vaticano - Bento XVI afirmou hoje que a dignidade do ser humano "não se identifica com os genes de seu DNA" nem diminui pela presença de diferenças físicas ou defeitos genéticos, e insistiu que essa dignidade "está presente desde o momento da fecundação". O pontífice fez estas reflexões ao receber os participantes de uma conferência sobre o genoma humano organizada pelo Vaticano, da qual participaram 700 pessoas de 81 países, com o objetivo de criar um "diálogo interdisciplinar" sobre a questão.

O papa ressaltou que os novos avanços da ciência médica oferecem à Igreja a possibilidade de desenvolver "uma preciosa obra de iluminação das consciências" para fazer com que cada descobrimento científico "possa servir ao bem integral da pessoa, em constante respeito a sua dignidade".

Ele reconheceu que o processo de secularização do mundo atual reivindicou "uma justa autonomia da ciência", mas advertiu que "freqüentemente chegou a descuidar a proteção da dignidade transcendental do homem e o respeito de sua própria vida". Em uma crítica ao aborto, o Pontífice afirmou que "a análise serena dos dados científicos leva a reconhecer a presença dessa dignidade em cada fase da vida humana, começando desde o momento da fecundação".

O papa insistiu na necessidade de existir "uma formação adequada das consciências" dos cidadãos em questões científicas, dado que cada vez mais freqüentemente as pessoas são chamadas a expressar suas opiniões sobre problemas complexos. "Se falta uma instrução adequada, uma formação adequada das consciências, podem prevalecer facilmente falsos valores ou informações desviadas na orientação da opinião pública", disse.

No último dia do encontro de especialistas encerrado hoje na Santa Sé, que manteve a maioria das sessões a portas fechadas, foram expostas as oportunidades que representam novos avanços como a triagem genética, que permite o diagnóstico pré-natal de doenças.

Maurizio Faggioni, consultor da Congregação da Doutrina da Fé e professor de Bioética na Universidade Lateranense, ressaltou hoje que no caso do diagnóstico pré-natal só se deverá recorrer a técnicas invasivas (com risco para o bebê) caso que risco do aborto espontâneo equilibre os possíveis benefícios. Ele pontuou, no entanto, que "se opõe à lei moral" recorrer a este tipo de técnica se já desde o princípio se contemplar a possibilidade de um aborto, em função dos resultados obtidos.

EFE