2005 deve ser ano mais quente, dizem cientistas.

O ano de 2005 pode acabar sendo o mais quente desde que os cientistas começaram a marcar com alguma confiabilidade a temperatura média anual do planeta, afirmou um grupo de cientistas americano ao jornal "The Washington Post".

Os dados, processados por pesquisadores do Instituto para Estudos Espaciais Goddard, da Nasa, ainda são preliminares, mas se apóiam em uma tendência clara à elevação das médias globais.

Segundo os climatologistas da agência espacial americana, a temperatura média global em 2005 já supera em aproximadamente 0,055ºC a do recorde anterior, registrada em 1998. Os anos intermediários marcaram oscilações, mas uma análise mais ampla, desde o século 19 --quando estações meteorológicas com termômetros começaram a ser montadas--, confirma a tendência. Os anos 1990 foram a década mais quente do último século, período em que a temperatura média do planeta subiu 0,7ºC.

Para a maioria dos especialistas, essa seqüência de elevações ao longo das últimas décadas é prova quase incontestável de efeitos antropogênicos (ou seja, causados pelo homem) no clima da Terra. Embora haja algumas poucas vozes divergentes, é quase consenso que a crescente emissão de gases como o dióxido de carbono na atmosfera --fruto da queima de combustíveis fósseis, como o petróleo-- está intensificando a capacidade do planeta de reter o calor obtido por meio da radiação emitida pelo Sol, em vez de reenviar parte dessa energia de volta para o espaço.

Por essa razão, valores crescentes nas médias anuais não são uma surpresa, disse ao "Washington Post" o climatologista David Rind, do Goddard, apontando que 2002, 2003 e 2004 estão entre os anos mais quentes registrados.

Ele comparou a emissão de gases-estufa na atmosfera à injeção de recursos numa equipe esportiva, aumentando os salários dos jogadores. "Quando eles chegam à fase final do campeonato, você deveria ficar surpreso?", disse. "Estamos pondo muito mais dióxido de carbono na atmosfera e estamos tendo temperaturas muito mais altas."

Ainda segundo o Goddard, o Hemisfério Norte está sofrendo maior aquecimento que o Sul, com um aumento de um décimo de grau com relação ao índice de 1998. Outros estudos e observações corroboram essa tendência, com aumento sem precedentes de temperatura no golfo do México e derretimento recorde da cobertura de gelo nas regiões árticas.

As medições feitas pela equipe são baseadas em aproximadamente 7.200 estações espalhadas pelo mundo. Segundo Rind, a única possibilidade de 2005 não estabelecer o recorde de temperatura é a ocorrência de um grande evento vulcânico, que cuspiria cinzas para a atmosfera e diminuiria a temperatura por algum tempo. O grupo ainda estima que as temperaturas globais continuarão a subir nos próximos anos.