Dois já pagaram US$ 20 milhões para fazer turismo no espaço.

O mundo já tem "turista espacial". São poucos --dois, na verdade--, mas a quantia que desembolsaram por um passeio fora da Terra, US$ 20 milhões, mostra o fascínio que as pessoas têm pelo espaço.

O americano Dennis Tito, em 2001, e o sul-africano Mark Shuttleworth, em 2002, pagaram os US$ 20 milhões para embarcar em uma cápsula espacial Soyuz russa a caminho da estação espacial internacional em órbita da Terra. Essas viagens duram dez dias cada uma.

Uma enquete feita na internet pelo site da rede de TV americana CNN sobre a possibilidade de turismo espacial teve 88.055 votos. A pergunta era: "O turismo espacial vai continuar sendo algo apenas para os super-ricos?". Dentre as pessoas que responderam à pergunta, 27% acharam que sim, por pelo menos cem anos; 36% acharam que levaria 50 anos para cair o custo da coisa; e outros 36% acharam que o preço iria reduzir bem nos próximos 25 anos.

Mas pode ser que essa era comece bem antes do previsto. Uma nova empresa "aérea" chamada Virgin Galactic promete começar a voar para o espaço nos próximos três anos. O custo cairia para algo dentro do alcance de milionários de menor poder aquisitivo, algo como algumas centenas de milhares de dólares. Há algo de realidade nesses sonhos.

Recentemente foram realizadas duas missões com a nave SpaceShipOne. O primeiro lançamento ocorreu no dia 29 de setembro passado na Califórnia (Costa Oeste dos EUA). A empresa privada do engenheiro americano Burt Rutan levou US$ 10 milhões do prêmio X pelo feito de voltar ao espaço pela segunda vez em cinco dias, o tipo de regularidade que se esperaria de um vôo espacial comercial. O prêmio estabelecia que o intervalo podia até ser maior, de 14 dias.

"Em dez anos, todos saberão que, se quiserem, eles poderão entrar em órbita durante suas vidas", disse Burt Rutan à TV norte-americana NBC.

O SpaceShipOne foi ao espaço em duas etapas. Ele decolou a bordo de uma "nave-mãe" que o levou até 13,8 km de altitude. Então foi lançado em um vôo de meia hora até a altitude de 100 km, o "começo" do espaço.

Como deixa claro o nome, a Virgin Galactic é uma idéia do aventureiro e empresário britânico Richard Branson, que também criou uma companhia de aviação e uma de música com o mesmo nome, "virgem", em inglês.

Branson, segundo as agências de notícia, quer começar os vôos comerciais já em 2007, com passagens a um custo bem menor do que o pago por Tito e Shuttleworth, meros US$ 200 mil.

O entusiasmo do aventureiro pode ser precoce. Não se trata apenas de conseguir a tecnologia para esse tipo de vôo. É preciso também que ela amadureça, para que as viagens sejam tão seguras quanto um vôo de ponte aérea.

O ônibus espacial americano foi originalmente previsto para ser, como mostra a tradução do nome, algo rotineiro. Mas não só o número de vôos ficou bem abaixo do sonhado, como dois acidentes fatais mancharam a reputação do programa.

Os desastres mataram principalmente astronautas profissionais, mas em um deles --o do Challenger, em 1986--, uma das vítimas foi uma "turista", aquela que seria a primeira professora primária em órbita. Ao contrário dos ricaços Tito e Shuttleworth, a professorinha Christa Mcauliffe não sobreviveu para contar como foi sua viagem.