Unicamp revoluciona técnica de cultivo de pele humana em laboratório.
SÃO PAULO - A dermatologista e pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Beatriz Puzzi, conseguiu criar pele humana em laboratório em técnica inédita no mundo, anunciada nesta quarta-feira, em Campinas, interior paulista. A pele de laboratório deve revolucionar o tratamento de queimaduras, enxertos de úlcera, problemas de varizes ou até cortes profundos, entre outros casos. A técnica reproduz com precisão no laboratório todas as camadas da pele humana. Uma das vantagens do enxerto com a pele de laboratório é o de não ter rejeição, já que o material é produzido a partir de uma amostra da pele do próprio paciente.
O material coletado do paciente é separado em camadas e colocado em colágeno bovino, substância já utilizada pela indústria de cosméticos como renovador de células. O material é cultivado no colágeno por 1 mês até que a nova pele se forme e possa ser implantada em uma pessoa.
De acordo com a pesquisadora, após o implante, a pele cultivada continua se desenvolvendo.
- Ela aumenta e a gente imagina que possa fazer a pele de um determinado tamanho, que possa ser dividido em várias partes - afirma Beatriz.
A nova técnica pode ajudar pessoas como o aposentado Antônio Matano, que é diabético e tem dificuldade de cicatrização. Devido a um corte no pé, o aposentado acabou amputando o membro.
O coordenador da unidade de queimados no hospital de Limeira, Flávio Madruz Novaes, vê novas esperanças no tratamento de casos graves.
- É extremamente bem-vindo. Muitas vezes falta pele do próprio paciente. Talvez agora, com pequenos fragmentos, se possa produzir grandes extensões e, com isso, abreviar a cura de pacientes - diz ele.
Agora a pesquisa entra na última fase, que é de testes em seres humanos. Sem verbas, Beatriz Puzzi espera encontrar parceiros para concluir o estudo.
- Falta uma agência de fomento para a gente começar esta fase - diz.
Só depois desses testes a técnica poderá ser utilizada nos procedimentos médicos.