Conservadorismo já afeta filmes com temas científicos.
Grupos religiosos americanos já conseguem impedir exibição de filmes que se baseiam nas teorias da evolução e do Big Bang
Washington - Grupos religiosos ultraconservadores americanos têm sua própria tese sobre a origem da vida e do ser humano, o criacionismo, e além disso, têm demonstrado capacidade de pressão ao conseguirem limitar a exibição comercial de filmes com referências à teoria da evolução de Charles Darwin e do Big Bang.
Por causa da pressão exercida por estes grupos, vários filmes com conteúdos considerados de acordo com a teoria darwinista deixaram de ser exibidos em alguns cinemas Imax (equipados com telas de grande formato). Estes filmes evocam a teoria de o universo não foi criado por Deus que a vida na Terra poderia ter sido originada no fundo dos oceanos.
Paralelamente, um documentário baseado nas teorias destes religiosos ultraconservadores - particularmente voltado para a idéia de que a vida é tão complexa que só uma inteligência superior poderia estar em sua origem - foi adicionado ao programa do museu de História Natural de Washington, apesar da oposição da comunidade científica.
Desde o começo do ano, vários cinemas dos Estados Unidos - principalmente no sul, onde a influência religiosa é mais forte - têm se negado a exibir os filmes Viagem Cósmica, Vulcões das Grandes Profundezas e Galápagos, este último sobre as ilhas onde Darwin pesquisou para formular sua teoria da evolução.
O filme sobre os vulcões marinhos "não trata da evolução, mas gerou polêmica, pois fazia referência à origem da vida", explicou Valentine Kass, diretora do programa de educação científica da Fundação Americana de Ciências.
No início do ano, o museu de ciências e história de Fort Worth (Texas) descartou o filme sobre os vulcões antes mesmo de colocá-lo em cartaz. O oceanógrafo Richard Lutz, que colaborou no filme, destacou que a polêmica ocorreu pelo "fato de que a vida poderia ter começado nas grandes profundidades" oceânicas.
Lutz lamentou ver como outros cineastas modificam temas científicos por medo de que este tipo de polêmica afete a rentabilidade de seus filmes. "Em vista do estrito mercado para um filme em Imax, alguns diretores evitarão este tipo de tema", disse ele.