Médicos britânicos defendem proibição de anúncios de junk food.

LONDRES - A Associação Médica Britânica (BMA, na sigla em inglês) fez um apelo, nesta quarta-feira, para que sejam tomadas ações contra a obesidade infantil. A proposta inclui até mesmo a proibição de anúncios de alimentos não saudáveis, ou junk food, e de máquinas que vendem biscoitos e doces. De acordo com o órgão, um milhão de britânicos com menos de 16 anos é obeso e este número pode ainda aumentar no futuro.

A BMA defende ainda que a quantidade de gordura seja reduzida em alimentos vendidos nas escolas, além da criação de anúncios advertindo os menores sobre os danos relacionados ao consumo de junk food. A tática de já foi usada com sucesso no país para diminuir o consumo de tabaco.

Em um relatório, intitulado Prevenir a Obesidade Infantil, os especialistas ainda defendem que pessoas famosas só devem fazer publicidade de produtos saudáveis e que sigam os critérios nutricionais adequados.

Os especialistas acreditam que, caso essas medidas não sejam tomadas, pelo menos um quinto dos meninos britânicos e um terço das meninas ficará obesa até 2020.

- É uma loucura que, no momento em que crianças estão sendo aconselhadas a comer menos e praticar mais exercício, elas cheguem na escola e tenham como oferta de consumo refrigerantes, donuts e que façam menos de duas horas de exercício por semana - afirmou Vivienne Nathanson, chefe do Departamento de Ciência e Ética da associação. - As crianças são bombardeadas com mensagens mistas. Por um lado, eles tentam aprender sobre como se alimentar de maneira saudável na escola, vão para casa e passam horas vendo TV, onde vêem celebridades comendo hambúrgeres, biscoitos ou tomando refrigerante.

Especialistas afirmam que junk food e baixos níveis de exercício, combinados com a popularidade dos jogos de computador e televisão, são os responsáveis pelo aumento da obesidade.

Estima-se que cerca de 10% das crianças ou pelo menos 155 milhões de jovens em todo o mundo estão acima do peso ou obesos. Segundo o relatório da associação britânica, cerca de 22 milhões de crianças de todo mundo com menos de cinco anos estão severamente obesas.

O aumento do nível de obesidade entre as crianças refletiu-se em um maior número de casos de diabetes tipo II na população infantil. A doença é amplamente registrada entre adultos e, no futuro, serão registrados mais casos de doenças cardíacas, osteoartrite e alguns tipos de câncer, alertou a BMA.

A obesidade infantil se tornou uma questão política importante na Grã-Bretanha depois que o famoso chefe de cozinha Jamie Oliver revelou a baixa qualidade dos alimentos servidos aos estudantes nas escolas públicas. Ele disse que grande parte era lixo processado e descobriu que algumas crianças não sabiam nem identificar os vegetais comuns.