Estudo mostra que vírus comum pode matar células cancerígenas.

WASHINGTON - Um vírus comum inofensivo para os seres humanos consegue destruir células cancerígenas no corpo e pode ser a chave para um novo tipo de tratamento contra a doença, afirmaram pesquisadores dos Estados Unidos nesta terça-feira. O vírus, chamado de adeno-associado tipo 2, ou AAV-2, está presente em cerca de 80% da população mundial.

- Nossos resultados sugerem que o vírus adeno-associado tipo 2, que contamina a maior parte da população sem provocar doenças, mata vários tipos de células cancerígenas e não ataca as células saudáveis - afirmou Craig Meyers, da Faculdade de Medicina da Penn State, na Pensilvânia (EUA).

- Acreditamos que o AAV-2 reconhece que as células cancerígenas são anormais e as destrói. Isso sugere que o AAV-2 tem um grande potencial para ser transformado em um agente de combate ao câncer - afirmou Meyers em comunicado.

Segundo o pesquisador, em declarações dadas em um encontro da Sociedade Americana de Virologia, os estudos haviam mostrado que mulheres infectadas pelo AAV-2 e que também tinham um vírus que provoca verrugas, chamado HPV, desenvolveram câncer cervical com menos freqüência do que as mulheres sem o AAV-2.

O AAV-2 é um pequeno vírus que não consegue se reproduzir sozinho e precisa da ajuda de outro vírus para fazê-lo. Mas, com a ajuda de um segundo vírus, ele mata células.

Para o estudo, Meyers e seus colegas primeiro infectaram amostras de células humanas com o HPV - algumas cepas desse vírus podem provocar câncer na coluna cervical. Então eles infectaram essas células e células normais com o AAV-2.

Passados seis dias, todas as células contaminadas pelo HPV acabaram morrendo. O mesmo aconteceu com células de câncer cervical, de seio e de próstata. Todos são canceres que atacam células epiteliais, as que formam a pele e o revestimento interno e externo dos órgãos.