DNA se dobra em nós para caber em cromossomo.
Cientistas descobrem que os longos filamentos são dobrados de forma organizada, e não caótica
Barcelona (Espanha) - Uma equipe de cientistas descobriu que nas moléculas de DNA podem ser formados nós muito complexos, embora não de forma aleatória e caótica, mas de maneira precisa, que podem revelar como o DNA se dobra nos cromossomos.
A descoberta e o trabalho da equipe, dirigida pelo pesquisador do Conselho Superior Espanhol de Pesquisas Científicas (CSIC) Joaquim Roca, serão publicados em breve na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) dos EUA.
Roca explicou que as moléculas de DNA, cujo comprimento é enorme em comparação com seu diâmetro, estão altamente condensadas em minúsculos espaços, os cromossomos.
"Para dar uma idéia, se extraíssemos e estendêssemos o DNA de uma célula humana, ele teria dois metros de comprimento. Assim, para poder caber nesse espaço tão reduzido, o DNA se dobra em cada um dos 46 cromossomos que tem uma célula humana", afirmou o pesquisador espanhol.
"Nunca vimos como o DNA se encolhia; este era até agora um dos enigmas da biologia", disse Roca, acrescentando que "a trajetória espacial que o DNA toma dentro dos cromossomos tinha escapado até agora dos sistemas de análise estrutural".
Uma solução para o problema poderia ser obtida mediante a análise dos nós, como propõem os pesquisadores em seu trabalho.
As moléculas de DNA podem estar altamente unidas, e para isso todas as células possuem as enzimas topoisomerases, que regulam o grau de união do DNA. Existe uma infinidade de nós diferentes, em função do número de pregas que possuem e suas possíveis combinações.
"Dado que a identidade de um nó não muda, ainda que sua estrutura seja deformada, cada um é como uma memória da trajetória que o originou", afirma o cientista.
Atualmente, através da electroforese é possível identificar que tipo de nó se forma no DNA e com ajuda de computadores é possível simular que trajetórias facilitam ou não a formação de certos nós.
Combinando as duas técnicas, os autores do estudo demonstraram que o DNA no cromossomo de certos vírus se dobra formando um novelo e girando sempre para o mesmo lado. Além disso, os pesquisadores conseguiram estabelecer uma correlação entre o tipo de nó e a colocação do DNA, de modo que de um valor podem extrair o outro.
"Esta é a primeira demonstração científica de que o DNA não está enrolado de forma caótica nem aleatória no cromossomo, mas se organiza de maneira precisa, e é o primeiro método que permitiria revelar de que forma se estruturam os filamentos de DNA e obter assim a estrutura tridimensional dos cromossomos", explicou Roca.