Voyager 1 chega à fronteira do Sistema Solar após 26 anos.
WASHINGTON - A sonda Voyager 1, da Nasa, chegou à última fronteira do Sistema Solar, depois de atravessar uma área de turbulência, onde partículas carregadas de energia emitidas pelo Sol se transformam em gás no espaço interestelar.Os astrônomos que acompanham a trajetória da nave, numa viagem que já dura 26 anos, acreditam que a Voyager 1 tenha passado por uma região conhecida como "termination shock" (literalmente "choque de terminação"), distante cerca de 14 bilhões de quilômetros do Sol. Os cientistas julgam que a sonda tenha entrado na área que antecede a chamada heliopausa, onde a influência do Sol perde intensidade.
"A Voyager 1 entrou na reta final de sua corrida para os limites do espaço interestelar", disse Edward Stone, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, num comunicado divulgado na terça-feira.
Os cientistas que acompanham a Voyager 1 especularam em novembro que a nave pudesse estar atingindo a turbulenta região do espaço quando as partículas solares carregadas, conhecidas como vento solar, parecem reduzir velocidade, que normalmente é de 2,4 milhoes de quilômetros por hora.
A expectativa era de que isso acontecesse na área do choque de terminação, onde os ventos solares se desaceleram ao se chocar contra os gases que vêm do espaço exterior para o Sistema Solar. Isso fica duas vezes mais longe que Plutão, o planeta mais distante do nosso sistema.
Através da monitoração da velocidade da nave e do aumento da força do vento solar, os cientistas que observam a Voyager 1 acreditam agora que ela tenha passado pela zona de choque de terminação.
Foi muito difícil prever a localização dessa área, porque não se conhecem com exatidão as condições do espaço interestelar e porque o choque de terminação é capaz de expandir-se, contrair-se e propagar-se, dependendo das alterações na velocidade e na pressão do vento solar.
- As observações da Voyager 1 nos últimos anos mostram que o choque de terminação é muito mais complicado do que se podia imaginar - disse Eric Christian, cientista do programa Conexão Sol-Sistema Solar, da Nasa.
A Voyager 1 e a nave gêmea Voyager 2 forçam lançadas em 1977, numa missão de exploração de Júpiter e Saturno. As duas continuaram avançando, e a missão foi estendida.
A Voyager 2 explorou Urano e Netuno, e é a única nave até hoje a ter visitado esses planetas. Ambas hoje fazem parte da Missão Interestelar Voyager, para explorar as fronteiras do Sistema Solar.
As naves são capazes de enviar dados científicos até 2020, se continuarem conseguindo gerar energia elétrica adequada para a manutenção do funcionamento.
Elas carregam mensagens da Terra, incluindo sons de ondas do mar, vento, trovões e animais. Também há seleções musicais e cumprimentos em 55 línguas, além de instruções e equipamentos para a execução das gravações. Mais informações e imagens podem ser obtidas no site http://www.nasa.gov/vision/universe/solarsystem/voyager_agu.html