Pó interplanetário dá evidêcias de duas glaciações.

Estudo sugere que glaciações duraram entre 3 milhões e 11 milhões de anos e fizeram a Terra virar "bola de neve"

Washington - Análise de pó interplanetário depositado em camadas de gelo entre 750 milhões e 580 milhões de anos atrás confirma que pelo menos duas glaciações cobriram a Terra. Outras duas, pelo menos, devem ter ocorrido, mas ainda não há evidências concretas que confirmem a teoria.

Estudo de geólogos da Universidade de Witwatersrand (África do Sul) e do Departamento de Ciências Geológicas de Viena, publicado na Science, sugere que as glaciações duraram entre 3 milhões e 11 milhões de anos e ocorreram em momentos em que o planeta, transformado em uma bola de neve, era bombardeado pelo pó interplanetário, com grande quantidade de irídio.

As concentrações desse tipo de irídio, um metal, encontradas perto da África equatorial permitiram ajustar o cálculo dos períodos de glaciações, que até agora iam de milhares de anos a até 30 milhões, segundo os cientistas.

Essas glaciações ocorreram no período Neoproterozóico e terminaram bruscamente, quando começaram a ocorrer um aquecimento global e um rápido degelo. Até esse momento, o metal tinha se acumulado sobre as camadas de gelo que cobriam os continentes, os mares e os oceanos.

O estudo não trata das causas das glaciações, mas levanta suposições. Uma delas indica que o Sistema Solar possa ter sido atravessado por densas nuvens de poeira cósmica, reduzindo a intensidade da luz do Sol sobre os planetas.

Quando as glaciações atingiram um certo estágio, o próprio gelo sobre a Terra contribuiu para um esfriamento ainda maior, refletindo a luz solar e contribuindo para a formação da "bola de neve", segundo os pesquisadores.

O fim das glaciações, sugerem eles, deve ter ocorrido com o aquecimento provocado por atividades vulcânicas que elevaram a concentração de dióxido de carbono na atmosfera, desencadeando o efeito estufa.