Galáxia mais discreta já observada mora nos arredores da Via Láctea.

Astrônomos nos EUA descobriram uma nova galáxia-satélite da Via Láctea, a mais discreta já observada em toda a história. Seu brilho é tão sutil que, fosse um pouco mais fraco, estaria aquém da sensibilidade dos telescópios.

Como toda grande galáxia espiral que se preze, a Via Láctea está rodeada de galáxias-satélite --aglomerados de estrelas que na maioria das vezes têm uma forma esférica e giram ao redor da galáxia-mãe. Sabe-se que existem pelo menos 12 dessas nos arredores da Via Láctea, e os cientistas ainda esperam encontrar pelo menos mais algumas nos próximos anos.

A descoberta veio de um grupo da Universidade de Nova York e do Observatório Apache Point, ambos nos Estados Unidos. Encabeçados por Beth Willman, eles redigiram um artigo e o submeteram ao periódico norte-americano especializado "Astrophysical Journal Letters".

A galáxia-anã recém-identificada fica na constelação de Ursa Maior, a cerca de 330 mil anos-luz de distância (um percurso equivalente a duas vezes o que nos separa da Grande Nuvem de Magalhães, maior e mais famosa das galáxias-satélite da Via Láctea).

O achado aconteceu por conta de análises de dados coletados por uma grande varredura do céu, conhecida pela sigla SDSS (Pesquisa Celeste Digital Sloan, no acrônimo em inglês).

Após encontrarem o objeto em meio às imagens do catálogo, confirmaram a descoberta com observações feitas pelo Telescópio Isaac Newton, nas Ilhas Canárias (Espanha).

Três dias de vigília (6 a 8 de março) foram suficientes para confirmar o fato e dar um nome técnico bem feio à nova galáxia: UMa dSph ("UMa" é a abreviação de "Ursa Maior"; "dSph" indica que trata-se de uma galáxia anã com forma esférica).

"UMa foi detectada muito perto dos nossos limites de detecção", escreveram os pesquisadores. "Numerosas outras anãs com propriedades similares ou ainda menos brilhantes podem portanto existir ao redor da Via Láctea."

UMa dSph tem apenas cerca de 1.600 anos-luz de diâmetro (a Via Láctea, como contraste, tem uma largura de 100 mil anos-luz), mas, junto com suas colegas, é um objeto de estudo muito importante para os astrônomos.

"Um censo e estudo completos das galáxias anãs próximas é vital para nosso entendimento global de formação galáctica", afirmam Beth Willman e colegas.

"As galáxias anãs são o tipo mais comum de galáxia no Universo e acredita-se que elas sejam os "tijolos" das galáxias maiores. E as galáxias anãs da Via Láctea são particularmente interessantes porque estão suficientemente perto para que o Telescópio Espacial Hubble possa distinguir suas populações estelares menos brilhantes."

A formação e a evolução das galáxias ainda é um dos maiores mistérios da astronomia. Modelos de computador até hoje obtiveram sucessos apenas limitados em reproduzir o fenômeno