Justiça dos EUA nega apelação dos pais de Terri Schiavo.

ATLANTA - Um tribunal de apelações americano recusou nesta quarta-feira o pedido dos pais de Terri Schiavo para que ela volte a ser conectada à sonda que a mantém viva. O drama da americana de 41 anos, que há 15 sofreu graves danos cerebrais e se tornou pivô de uma disputa familiar - o marido, Michael Schiavo, diz que ela não desejaria ser mantida viva desta forma - ainda não está solucionado. O casal Bob e Mary Schindler, pais de Terri, informou, através de um advogado, que ainda pretende recorrer a instâncias superiores - até a Suprema Corte.

Enquanto Schiavo entrava no quinto dia sem água nem alimentos (eles eram administrados através do tubo retirado por decisão judicial na sexta-feira), a 11ª Corte do Circuito de Apelações de Atlanta disse em sua sentença, emitida de madrugada, que "concorda com o tribunal inferior que os reclamantes não conseguiram demonstrar um caso substancial sobre os méritos de nenhuma de suas queixas". O painel, de três juízes, referia-se a uma decisão de um juiz federal da Flórida, que avaliou o caso na segunda-feira.

"Também concluímos que a decisão da corte de distrito, pensada detidamente, de negar um alívio temporário nestas circunstâncias não é um abuso de faculdades", sustentou o tribunal.

O caso Schiavo foi parar na Justiça Federal dos EUA na segunda-feira, por força de uma manobra política. O Congresso aprovou às pressas e o presidente George W. Bush sancionou uma lei que pedia uma revisão da base constitucional de casos como este. A esperança era de que, com isso, os pais de Terri tivessem a chance de pedir, na Justiça federal, a suspensão da ordem judicial do estado da Flórida que levou à retirada do tubo. O argumento é de que ela está tendo direitos constitucionais violados, por estar sendo privada de alimentação e liberdade.

Com o passar dos dias, a situação se torna mais dramática, devido ao agravamento do quadro de Terri. Os médicos estimavam que ela morresse de inanição até duas semanas depois da retirada do tubo. O advogado dos Schindler havia dito ao tribunal de apelações que Teri estava piorando rapidamente e que sua morte era iminente se não fosse restabelecida a sonda que a alimentava.

O advogado do marido, Michael Schiavo, que defende que sua mulher preferiria morrer a ser mantida viva desta forma, disse que reconectar a sonda violaria os direitos da esposa de seu cliente. O advogado de Michael Schiavo, George Felos, disse que concorda que o caso vá à Suprema Corte da Justiça.

A batalha na Justiça entre Michael Schiavo e os pais de Terri já dura sete anos. A determinação dos Schindler de manter a filha viva converteu-se numa causa defendida por cristãos, ativistas antiaborto e legisladores conservadores.

Terri entrou em estado vegetativo permanente depois de ter sofrido em 1990 um problema cardíaco que prejudicou a oxigenação do cérebro. Ela não está inconsciente, porém alguns especialistas afirmam que sua morte, por falta de alimentação e hidratação, não seria dolorosa e que ela não tem noção do que estaria acontecendo.