Presença de gases pode indicar vida em Marte.

Mars Express
A sonda Mars Express está na órbita de Marte há um ano
Um cientista italiano que observa os resultados obtidos pela sonda Mars Express, lançada pelo programa espacial europeu, disse que gases detectados na atmosfera de Marte podem indicar que existe vida no planeta.

Vittorio Formisano disse em uma conferência espacial na Holanda que a presença de metano e formaldeído poderia significar atividade biológica.

Mas o professor do Instituto de Física Espacial Interplanetária em Roma disse que somente análises no solo do planeta poderiam comprovar essa afirmação.

"(Minhas observações) não devem ser vistas como uma declaração de que há vida em Marte hoje, porque precisamos ir até lá, perfurar o solo, pegar amostras e analisá-las antes de concluir qualquer coisa", diz Formisano.

Fontes

Fomisano é o principal pesquisador que opera o espectrômetro da Mars Express.

O instrumento tem a função de determinar a composição da atmosfera de Marte e conseguiu comprovar a presença de pequenas quantidades de gás metano no planeta em março de 2004.

Segundo os cientistas puderam observar, o metano tem um tempo de vida curto na atmosfera do planeta, então ele deve estar sendo constantemente reposto.

Os pesquisadores dizem que há algumas maneiras possíveis para essa reposição. Uma seria pela atividade de vulcões ativos, que ainda não foram encontrados em Marte, outra seria por micróbios, ou ainda pelo derretimento de blocos de gelo com a presença de metano.

De acordo com Formisano, se o metano for analisado isoladamente, sua quantidade parece muito pequena para ter origem biogênica.

No entanto, se o formaldeído detectado na atmosfera for visto como um subproduto da oxidação do metano, isso significaria que uma quantidade maior de metano estaria sendo produzida todos os anos - e isso poderia ser explicado pela existência de vida.

"Se somente o metano observado na atmosfera de Marte for considerado, seria cerca de 150 toneladas por ano; se considerarmos o formaldeído, então seriam 2,5 milhões de toneladas de metano por ano, o que é uma quantidade muito maior", diz ele.

"E esta relação indica que as fontes estão no solo."

Os dados do espectrômetro mostram que as maiores concentrações de metano se misturam com as áreas em que o vapor de água e os gelos subterrâneos estão concentrados.

Observações

Uma dessas áreas inclui a região equatorial de Elysium, onde os cientistas da Mars Express acreditam ter visto um bloco de gelo coberto com uma pequena camada de poeira e cinzas vulcânicas.

Esta semana, durante a conferência, cientistas também revelaram que uma grande quantidade de água poderia ter passado por uma série de fraturas, conhecidas como Cerberus Fossae, inundando uma área de cerca de 800 km por 900 km e com uma profundidade de cerca de 45 metros.

Segundo John Murray, do Reino Unido, esse fato aconteceu recentemente.

"Isso foi há cerca de 5 milhões de anos. Isso pode parecer antigo demais, mas em termos geológicos é como se tivesse sido ontem", disse ele.

"Nós sabemos que essas erupções aconteceram durante a história geológica de Marte. Mas o fato de terem acontecido há apenas 5 milhões de anos nos mostra que Marte possui grandes reservatórios subterrâneos de água. Se a vida existe no planeta, é aí que ela deve estar."

Um artigo sobre a descoberta do bloco de gelo deve ser publicado na revista científica Nature no próximo mês. O artigo que discutia a presença de formaldeído foi rejeitado pela revista por três votos a um, segundo Formisano.