Santo Sudário pode ter até 3.000 anos, diz estudo.
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A pesquisa, publicada na revista especializada "Termochimica Acta", sugere que o manto tem entre 1.300 e 3.000 anos, o que tornaria possível a teoria de que ele foi usado por Cristo.
O autor do estudo rejeita os testes anteriores, que estabeleceram a idade utilizando a quantidade de partículas de carbono-14 encontradas em um material retirado do manto. Eles tinham concluído que o manto de linho era uma falsificação medieval.
Algumas pessoas acreditam que o sudário, que traz uma imagem apagada de um homem coberto de sangue, teria sido usado para envolver o corpo de Jesus Cristo depois de morto.
Raymond Rogers, que coordenou o novo estudo, disse que testes químicos indicam que a amostra usada na análise de 1988 foi retirada de um pedaço de remendo medieval usado no manto para reparar uma parte que havia sido queimada.
Por isso é que foi estabelecida uma data incorreta para o manto original, segundo o pesquisador, que é um químico aposentado do Laboratório Nacional de Los Alamos, no Estado americano do Novo México.
Parte queimada
O manto de linho foi danificado em vários incêndios desde que sua existência foi registrada na França, em 1357, inclusive por um ocorrido em uma igreja em 1532.
Ele foi restaurado por freiras que cobriram buracos e forraram o manto com um material reforçado.
Em seu estudo, Rogers analisou e comparou amostras utilizadas nos testes da década de 80 e outras amostras do famoso manto. Testes microquímicos, que empregam quantidades mínimas de materiais, demostraram que o manto deve ser mais antigo do que se acreditava antes.
Esses testes revelaram a presença de um produto químico chamado vanilina na amostra de carbono-14 e no tecido do forro, mas não do resto do manto.
Esse composto é produzido pela decomposição da lignina, encontrada em plantas. A presença de vanilina em materiais como o linho diminui com o tempo, oferecendo um método para estabelecer a idade do manto.
"O fato de que a vanilina não pode ser detectada na lignina das fibras do manto, pergaminhos do Mar Morto e outros pedaços de linho muito antigos indica que o manto é muito velho", escreveu Rogers.
No estudo de 1988, cientistas de três universidades concluíram que o tecido datava do período entre 1.260 e 1.390. Isso descartava a possibilidade de que o tecido tivesse envolvido o corpo de Cristo depois de sua morte.
Esse anúncio levou o Cardeal de Turim, Anastasio Alberto Ballestrero, a admitir que o manto era falso.
Desde então, foram feitas várias tentativas para contestar esses testes. Pesquisadores utilizaram fotografias de alta resolução e disseram ter encontrado indícios de um cerzido "invisível" na área usada para testes.
"A amostra testada foi tingida usando tecnologia que começou a aparecer na Itália na época em que o último bastião dos cruzados passou ao domínio dos turcos, em 1.291", disse Rogers.
"A amostra de carbono-14 não pode ser anterior a 1290, concordando com a idade determinada em 1.988. Mas o manto propriamente dito é muito mais antigo."