Arqueólogo diz ter encontrado caverna de São João Batista.

O arqueólogo britânico Shimon Gibson, 46, afirma ter encontrado nas montanhas ao noroeste de Jerusalém uma caverna na qual, segundo ele, São João Batista fazia o batismo de seus discípulos. Gibson disse que esta descoberta constitui "a primeira prova arqueológica da realidade histórica dos relatos evangélicos".

Outros arqueólogos consideram as conclusões do britânico apressadas, já que a descoberta de um local de culto muito antigo vinculado a São João Batista não prova sua presença física no local.

Os resultados de três anos de trabalho de buscas, entre 2000 e 2003, com o apoio da universidade americana de Charlotte (Carolina do Norte), foram transformados no livro "The Cave of John the Baptist" ("A caverna de João Batista"), publicado recentemente nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha.

A caverna fica "a uma hora de distância a pé de Ein Kerem", local onde nasceu João Batista, segundo a tradição cristã.

Em 1999, o arqueólogo foi alertado sobre a existência da caverna, escondida há séculos por uma espessa vegetação. Gibson, que percorre a Terra Santa desde 1975, teve de arrastar-se para entrar na caverna --com 24 metros de comprimento, 4 de largura e 4,5 de altura--, cheia de terra e escombros.

O arqueólogo decidiu fazer uma escavação depois de descobrir nos muros da caverna uma ilustração de João Batista. Gravada em rocha calcária, a imagem estava "ornada com uma vestimenta de pele de camelo", tal como relatado no livro de Mateus.

Ele também encontrou cruzes e o desenho rudimentar de uma cabeça decapitada, ilustrando o trágico fim deste personagem contemporâneo de Jesus. "Estes desenhos são obra de monges bizantinos que se reuniam na caverna para contar a história de João Batista", afirma Shimon Gibson.

"Ao contrário dos rituais de imersão praticados na religião judaica, que são individuais e pretendem a purificação do corpo, os rituais praticados pelos discípulos de João Batista eram coletivos e aspiravam a purificação dos corações", afirma o arqueólogo.

À direita da entrada, foram descobertas grandes pias que retinham a água da chuva e alimentavam a piscina interna, já que apenas a água vinda do céu podia ser utilizada no ritual.

A caverna de São João será aberta ao público no início de 2005.