Nível de gás carbônico aumenta sobre a Antártida, alertam cientistas.
Os níveis de dióxido de carbono (CO2) sobre a Antártida subiram 2,6% em seis anos, primeiro aumento de um gás causador do efeito estufa até agora detectado sobre o continente.
A informação é de um grupo de cientistas japoneses do Instituto Nacional de Pesquisa Polar, para quem o dióxido de carbono proveniente dos continentes habitados está aparentemente dirigindo-se para a atmosfera sobre a Antártida.
"Tudo na Terra está agora poluído com dióxido de carbono", disse Takashi Yamanouchi, professor do instituto. "Isso pode estar contribuindo para a expansão do aquecimento global, embora seja necessário verificar se as temperaturas na atmosfera estão de fato subindo", explicou.
Temperatura em alta
Na visão de muitos climatologistas, o dióxido de carbono --produzido pela queima de combustíveis fósseis e outros processos industriais-- é uma das principais causas do aquecimento global, já que retém calor na atmosfera terrestre.
Segundo os modelos climáticos, a poluição causada pela indústria e pelo trânsito aumentará as temperaturas mundiais de um a dois graus em média durante este século. Ainda não são conhecidos os efeitos dessa elevação de temperatura nos padrões meteorológicos globais.
A Antártida, cuja camada de gelo tem cerca de 1.830 metros de espessura, é um dos poucos locais onde os cientistas podem examinar as alterações climáticas ao longo do tempo --isso porque os químicos do ar foram sendo congelados em camadas no gelo, ano após ano, ao longo dos séculos.
Concentração
Já foi possível confirmar o aumento da densidade de dióxido de carbono no solo da Antártida, mas ainda não se tinha provado o mesmo em relação à atmosfera, disse Yamanouchi.
Para conseguir o feito, os cientistas japoneses lançaram um balão com um engenho de monitoração a uma altitude entre 15 km e 20 km sobre a base de pesquisa japonesa na Antártida, em janeiro deste ano.
O experimento constatou que a atmosfera continha uma média de 367,9 partes por milhão (ppm) de dióxido de carbono, 9,4 ppm (ou 2,6%) mais do que os níveis obtidos em análise semelhante feita em 1998.
Cerca de 60 cientistas japoneses estão atualmente na base japonesa de Showa, na Antártida, estudando os buracos do ozônio, a vida marinha, o clima mundial e padrões meteorológicos.